quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Mudando o foco (Bioquímica) para o Calculo Dental


CALCULO DENTAL

Conceito: massa calcificada da placa dental. Um dos mais improtantes fatores na etiologia e patogenicidade da doença periodontal
Favorece o crescimento da placa dental, agride a gengiva, impede recobrimento periodontal, libera substâncias tóxicas e irritantes.
COMPOSIÇÃO: idêntica a placa. Acrescida de vários sais. Ca3(Po4)6 e CaCO3.
Teorias da calcificação: aumento local de íons cálcio e fosfato. Bactérias promovem mineralização extra e intracelular. Decomposição da proteína estabilizadora da supersaturação de Ca2+ e PO4 3-.

Aumento da calcificação: preciptação de íons cálcio e fosfato- precipitação de sais de cálcio devido a presença de CO2. Aumento do pH da saliva devido a liberação de NH3 pelos MO da placa e degradação protéica durante a estagnação da saliva.
PARA FORMAR CALCULO pH DEVE SER BÁSICO.

Bactérias promovem mineralização extra e intracelular- bactérias calcificam a matriz da placa e sofrem autocalcificação. Estreptococos extra. Veillonella e bacilos difteróides- intra.

Decomposição da proteína estabilizadora da supersaturação de Ca2+ e PO4 3-
Decomposição das proteínas estaterina e cistatina pelas proteases microbianas.

Os formadores de calculo apresentam: níveis de uréia na saliva e placa mais elevados que os não formadores. Níveis altos de pirofosfato na saliva (inibidor de calcificação). Níveis de esterase, pirofosfatase e fosfatase ácida.

 -DENTE
O dente é constituído de quatro tecidos diferentes : esmalte, dentina, cemento e polpa.
Esmalte, dentina e cemento são tecidos com graus de mineralização distintos.
Esmalte: Camada protetora do dente, que é formada antes da erupção do dente por células epiteliais especiais denominadas ameloblastos. É o tecido de maior dureza do corpo humano.
Dentina: fornece suporte ao dente. Tem coloração amarelada, com menor dureza que o esmalte e constituição semelhante ao dos ossos.
Polpa: tecido que fica no centro do dente. É constituído por tecido conjuntivo com abundante suprimento de fibras nervosas, vaso sanguíneo e linfático
Cemento: cobre a superfície da raiz dental. É a estrutura responsável pela união entre o dente e o osso através dos ligamentos periodontais.
Osso alveolar é o tecido ósseo que circunda o dente. É nele que estão inseridas as fibras do ligamento periodontal que é a estrutura que amortece os traumas da mastigação e liga o dente ao osso.
CEMENTO
É um tecido mineralizado acelular produzido pelos cementoblastos. Tem estrutura muito parecida com o osso, embora mais compacto e menos permeável. É mais permeável que o esmalte e dentina e sua densidade é da ordem de 2,0. Não possui vasos e nervos. É constituído de 55% de substâncias minerais, 28% de substâncias orgânicas (contendo colágeno e glicosaminoglicanos livres e associados às proteínas formando as mucoproteínas principalmente sulfatadas, ricas em condroitina 4 e 6-sulfato) e 17% de água. 2
DENTINA
É formada pelos odontoblastos que estão localizados em toda periferia da cavidade pulpar, e produzem dentina na direção centripeta durante toda vida até o fechamento total da câmara pulpar. Assim, é depositada e nutrida pela camada de odontoblastos, que reveste sua superfície interna ao longo da parede da cavidade da polpa. É menos mineralizada que o esmalte e mais mineralizada que o cemento, apresenta densidade da ordem de 2,14.
A dentina consiste de fibras de colágeno (colágeno é uma escleroproteína rica em glicina, hidroxiprolina, lisina e hidroxilisina) nas quais cristais inorgânicos hidroxiapatita (HA) são depositados na forma de cristais (prismas) pequenos e menos orientados do que no esmalte. Cerca de 22% do peso da dentina é constituído de material orgânico e o restante de mineral inorgânico. A fase orgânica encontra-se bastante dispersa e cerca de 85 a 90% desse material é colágeno. Os glicosaminoglicanos que normalmente estão ligados à proteína na forma de proteoglicanas representam cerca de 2,5% do material orgânico e 0,5% da matriz da dentina. Desses glicosaminoglicanos, a condroitina 4-sulfato é o componente predominante representando 70% dos glicosaminoglicanos, seguido da condroitina 6- sulfato que representa 10-15%, ácido hialurônico 3-6%, queratan-sulfato 1% e dermatan-sulfato 2-3%.
Um constituinte incomum presente na dentina, e não no osso e outros tecidos conjuntivos, é uma fosfoproteína que é polianiônica sendo 36% de seus aminoácidos constituídos de ácido aspártico e mais de 40% de fosfoserina e responde por 3% do peso orgânico da dentina. É extraída da dentina por solventes somente após a extração da porção mineral, o que indica que essa proteína está presa na matriz mineralizada. Assim, como os glicosaminoglicanos, possui grande capacidade de ligar a íons Ca+2 devido o grande número de grupos fosfatos carregados negativamente e portanto desempenha papel importante na mineralização do tecido.
Os sais de cálcio presentes na dentina a torna extremamente resistente às forças de compressão, enquanto as fibras colágenas a torna rígida e resistente às forças de tensão durante a mastigação. Porquanto, a maior taxa de substâncias orgânicas na dentina, explica a sua elevada plasticidade e elasticidade que amortece os esforços mastigatórios e permitindo a adaptação perfeita das restaurações.
É importante lembrar que a matriz orgânica dos tecidos mineralizados constitui a base para a mineralização. Portanto, anomalias na formação dessa matriz implicará em 3
estrutura deficiente em mineralização com o aparecimento de regiões hipocalcificadas ou mesmo não calcificadas.
ESMALTE
O esmalte é uma estrutura densamente mineralizada, é a estrutura mais mineralizada do corpo humano com densidade 3,0. Consiste de 3 fases: a fase mineral que compreende 96% do peso do esmalte, a fase orgânica que desempenha papel importante na sua calcificação original e a fase aquosa.
A fase orgânica (2% do peso do esmalte) contem proteínas altamente insolúveis e resistentes, semelhantes à queratina constituída principalmente de enamelina e amelogenina (proteínas fibrosas ricas em aminoácidos cisteína e hidroxiprolina).
A fase aquosa que corresponde a cerca de 2% do peso do esmalte está associada à fase orgânica (associada à proteína), na fase mineral na forma de água livre que permite o transporte de íons através do esmalte e ligada ao cristal de HA formando a camada de hidratação.
A fase mineral consiste quase exclusivamente de cristais de HA -Ca10(PO4)10(OH)2 - que forma um retículo cristalino com alto nível de organização. A composição mineral do esmalte é muito complexa já que muitos componentes foram detectados em quantidades ínfimas (em especial cátions). Pelo menos 41 elementos da tabela periódica já foram detectados em esmalte sadios, 35 deles presentes em quantidades mensuráveis. Pequenos íons podem ser inseridos no retículo cristalino da HA por substituíções heteroiônicas, ou seja, o grupo hidroxila (OH-) pode ser substituído por flúor (F-) ou carbonato (CO3-2) formando respectivamente flúorapatita (FA) e apatita carbonatada. Da mesma forma o íon Ca+2 pode ser substituído por Mg+2 formando HA deficiente em cálcio. Muitos desses elementos, íons e sais presentes no esmalte são incorporados durante o período pré-eruptivo através do metabolismo celular dos ameloblastos ou através da nutrição do indivíduo durante o período pós-eruptivo através da adsorção de elementos da saliva, alimentos e suprimento de água. Dessa forma a composição química do esmalte varia de indivíduo para indivíduo, de dente para dente e em áreas do mesmo dente, já que a composição do esmalte maduro depende da concentração de íons presentes em várias etapas do desenvolvimento do dente. A concentração dos componentes varia conforme a distância da superfície dentária. Exemplo: a concentração de flúor é maior na superfície do dente e diminui da superfície para o limite amelo-dentinário. Por outro lado,o Mg+2que participa do metabolismo celular e CO3-2 e cristais de 4
fosfato octacálcico - C8H2(PO4)6 - geralmente estão presentes em todo esmalte mas em maior concentração nas porções mais profundas.
As pesquisas têm revelado que os íons fluoretos oferecem eficiência preventiva e terâpeutica prática na redução da cárie em seres humanos. Este íon pode ser depositado na estrutura, durante o desenvolvimento do dente ou durante a remineralização na fase pós-eruptiva.
A HA do esmalte é impura já que a relação molar Ca/P no dente normalmente está ao redor de 1,58, sendo bem menor que a relação molar da HA pura cujo valor é 1,67. Isso significa que na composição geral dos dentes temos HA deficiente em cálcio. Estudos têm demonstrado que essa relação é mais baixa nos dentes cariados que nos hígidos.
O esmalte do dente contem quantidades apreciáveis de CO3-2 (carbonato) (produto do metabolismo dos ameloblastos) e por isso é chamada de HA carbonatada. Parte desse carbonato está incorporado nos cristais de HA. A substituíção dos íons OH- por CO32- altera a construção geométrica da molécula e rompe algumas interações responsáveis pela estabilização da estrutura do esmalte. A substituíção da hidroxila por carbonato formando apatita carbonatada apresenta algumas desvantagens:
 a apatita carbonatada é mais solúvel em meio ácido que a hidroxiapatita, podendo ocorrer o início de cárie pela desmineralização do esmalte.
 a concentração de CO3-2 é maior onde ocorre acúmulo de placa dental.

A tabela 1 mostra a composição dos tecidos do dente e do osso. Observe que o cemento é o tecido mais parecido com o osso.

Componentes
Esmalte
Dentina
Cemento
Polpa
Osso
Minerais
96%
65%
55
1
45
Substâncias Orgânicas
2%
22%
28
9
35
Água
2%
13%
17
90
20

Minerais: Cálcio e fósforo - constituem os cristais de HA.
Magnésio - ausência atrofia os odontoblastos .
Fluoreto - forma a FA (mais insolúvel que a HA).
 Proteínas- Dietas hipoproteicas podem determinar falhas na formação das matrizes orgânicas do esmalte e da dentina, consequentemente defeitos nesses tecidos, que prejudicarão a mineralização desses.

 Vitamina A - atua nos ameloblastos e odontoblastos - Deficiência determina má formação da dentina e atrofia do esmalte.

 Vitamina D - atua sobre a dentina, não afetando o esmalte - Deficiência da vitamina causa o raquitismo dental.

 Vitamina C - Na avitaminose C, os odontoblastos são substituídos por fibroblastos, a dentinogênese cessa, e a formação da matriz colágena torna se escassa e deficiente em mucopolissacarídeos, causando defeitos na dentina e que reflete na amelogênese (formação de esmalte), pois essa etapa de formação do dente depende da odontogênese.

 Hormônio somatotrófico - sua deficiência retarda ou impede a erupção dos dentes, o esmalte atrofia e degenera e a dentina é produzida em quantidade excessiva.

 Hormônios tereoideanos - No hipotireoidismo a erupção dos dentes decíduos e permanentes é retardada, pois o metabolismo fisiológico está deficiente e baixo. No hipertireoidismo, os dentes erupcionam precocemente (bem formados e pouco sujeitos à cárie), nesse caso o metabolismo fisiológico está acelerado.

Paratormônio - deficiência causa hipocalcificação dos dentes e o excesso determina na dentina o efeito cálcio traumático (regiões da dentina calcificadas alternando-se com regiões não calcificadas). 

2 comentários:

  1. MUITO IMPORTANTE E BRILHANTE.DE ELUCIDAÇÃO CLARA JUNTANDO A BIOQUÍMICA E A PATOLOGIA E TRATAMENTO.PARABÉNS!!!

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  2. Boa tarde! Só uma breve correção. O cemento não faz parte do dente, pois ele não é formado a partir do germe dentário. Ele se deposita na parede dentinária radicular por aposição e vai se mineralizando e aderindo à mesma. Cemento é uma estrutura do periodonto, não do dente. Sobre o pirofosfato, quanto maior seu nível, menor será a formação de tártaro, uma vez que ele é agente inibidor da calcificação.
    Dra.Jennifer Holanda

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