quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Por que não falar da Polpa e o Periodonto


POLPA
1 - CONCEITO:
A polpa dentária é um tecido conjuntivo frouxo, envolvido pela dentina, exceto no forame apical, onde a mesma se comunica com o periodonto. Sua porção periférica é caracterizada pela sua participação na formação dentinária durante a vida do dente, além de manter a integridade da dentina. Em certos aspectos a polpa difere, estrutural e fisiologicamente, de outros tecidos conjuntivos. Desta maneira, ela dever ser considerada um tipo especial de tecido conjuntivo frouxo.
Caracteriza-se por apresentar uma população variada de células, unidas por substância intercelular amorfa, constituídas principalmente de glicosaminoglicanas, ácido hialurônico, sulfato de condroitina, glicoproteínas e água. A substância intercelular fibrosa é principalmente de natureza colágena do tipo I e III. Apresenta também um amplo suprimento vascular e nervoso.

2 - DESENVOLVIMENTO:

A proliferação das células da papila dentária de origem ectomesenquimal ocorre durante a odontogênese, e essa proliferação é responsável pelo molde da futura junção amelodentinária. As diferenciações citológicas associadas à histogênese da polpa ocorrem em primeiro lugar na periferia da papila dentária com o epitélio dental interno no início da dentinogênese. A papila dentária passa a ser denominada polpa dentária quando fica delimitada por dentina. Todavia a diferenciação celular continua a ocorrer lentamente por vários anos. É uma estrutura rica de células indiferenciadas e apresenta uma rica vascularização durante o desenvolvimento. Algumas dessas células se diferenciam em fibroblastos, elementos importantes na manutenção da substância intercelular
3 - ARRANJO ESTRUTURAL:
No tecido conjuntivo pulpar (região coronária), do ponto de vista histológico, podemos distinguir quatro zonas nítidas:

3.1 - zona odontoblástica, na periferia da polpa estão localizados os odontoblastos, células formadoras de dentina (figuras 6 e 7).

3.2 - zona acelular, logo abaixo da camada de odontoblastos, também chamada de camada basal de Weil ou zona de Weil, é bem evidente na polpa coronária (figura 12).

3.3 - zona rica em células,
abaixo da zona acelular, bem visível na polpa coronária, rica em fibroblastos, células mesenquimais e macrófagos.

3.4 - zona central,
onde estão situados os vasos sangüíneos maiores e os nervos pulpares.

4 - COMPONENTES:


4.1 - CÉLULAS: Odontoblastos, fibroblastos, células mesenquimais indiferenciadas, macrófagos e linfócitos.

ODONTOBLASTOS: residem na periferia pulpar com os corpos celulares adjacentes à pré-dentina e os prolongamentos no interior dos túbulos dentinários. Na porção coronária estima-se que hajam cerca de 45.000 odontoblastos por mm2, e reduzindo na porção radicular. Na coroa são maiores, cilíndricos, com cerca de 35 um de altura, cubóides na polpa radicular e francamente achatados junto a porção apical. Podem também apresentar-se em franca atividade de síntese ou em estado de repouso.
Quando ativos em fase secretora apresentam-se distendidos com citoplasma basófilo e quando em repouso são mais achatados e com citoplasma escasso.

Os prolongamentos dos odontoblastos cruzam a prédentina e alcançam a dentina mineralizada.
O odontoblasto é uma célula altamente diferenciada que não se divide mais, e assim sendo, quando o tecido pulpar é exposto pode ocorrer um reparo à custa da formação de uma ponte dentinária, porém deve-se lembrar que o odontoblasto, durante a odontogênese necessita da presença das células do epitélio interno ou das células da bainha radicular de Hertwig para se diferenciar. Sendo assim, não se conhece a procedência do estímulo responsável pela diferenciação odontoblástica numa polpa adulta que não possui células epiteliais.

FIBROBLASTOS: São as mais numerosas principalmente na coroa. Têm a função formadora e de manutenção da substância intercelular amorfa e fibrosa. Possuem citoplasma dilatado com muitas organelas associadas à síntese e secreção de proteínas.
Com a idade a capacidade de síntese diminui e a célula fica achatada, núcleo fusiforme, cromatina nuclear densa e quando devidamente estimulado possui a capacidade de degradar o colágeno.
Acredita-se também que os fibroblastos possam dar origem a novos odontoblastos.

CÉLULA MESENQUIMAL INDIFERENCIADA: Células poliédricas, núcleo claro, centralmente colocado, citoplasma abundante, com inúmeros prolongamentos e são as células que dão origem às demais células da polpa. Assim sendo, dão origem aos fibroblastos, macrófagos ou odontoblastos. Muitas vezes as células indiferenciadas estão relacionadas com os vasos sangüíneos.

MACRÓFAGOS: Célula grande, oval ou fusiforme, núcleo com cromatina densa e citoplasma fortemente corado, possui muitos lisossomos que aparecem como áreas claras no citoplasma. O macrófago ativo elimina células mortas e material particulado, quando surge inflamação o macrófago remove bactérias e interage com as outras células do processo inflamatório.

LINFÓCITOS: Célula de defesa que ocasionalmente pode ser observada no conjuntivo pulpar.

4.2 - SUBSTÂNCIA INTERCELULAR AMORFA:
É constituída por: glicosaminoglicanas (GAGS), ácido hialurônico, sulfato de condroitina, glicoproteínas e água. Envolve as células, as fibras, vasos e nervos da polpa, é incolor, de consistência viscosa e oferece resistência à penetração de partículas estranhas para o interior da polpa.

4.3 - SUBSTÂNCIA INTERCELULAR FIBROSA: As fibras são principalmente as colágenas, na polpa jovem ocorrem fibrilas colágenas e com o decorrer da idade essas fibras aumentam em número formando feixes de colágeno. Na porção apical a concentração de fibras é maior e ao redor dos nervos pulpares também são abundantes.

4.4 - VASOS SANGUÍNEOS, LINFÁTICOS E INERVAÇÃO: Esses elementos penetram e deixam a polpa através do forame apical e forames acessórios. Geralmente, entram pelo forame, um vaso do tamanho de uma arteríola, ao lado de feixes nervosos simpáticos. Os vasos linfáticos, recentemente identificados na polpa iniciam-se como pequenos vasos de fundo cego na região coronária e terminam desembocando em um ou dois vasos de maior diâmetro que abandonam a polpa pelo mesmo forame apical.
Os nervos pulpares são representados por axônios mielínicos e amielínicos recobertos por uma bainha de tecido conjuntivo, o epineuro. Os axônios que inervam a polpa são na maioria, fibras sensitivas aferentes pertencentes ao nervo trigêmeo e ramos simpáticos do gânglio cervical superior (fibras amielínicas intimamente associadas aos vasos sangüíneos). As fibras sensitivas são amielínicas e a medida que os nervos vão se arborizando na região coronária aumenta o número de axônios amielínicos.
A intimidade das fibras nervosas com o prolongamento odontoblástico é muito importante e a sensação predominante no complexo polpa dentina é a dor que na maioria das vezes é difusa, o que torna difícil sua localização clínica.

5 - FUNÇÕES DA POLPA:


5.1 - Formadora: devido a presença dos odontoblastos produtores da matriz orgânica da dentina e envolvidos também na mineralização da mesma. Essa função formadora ocorre durante toda a vida do dente.

5.2 - Nutritiva: a polpa é responsável pela nutrição da dentina através dos odontoblastos e seus prolongamentos e pelos elementos nutrientes contidos na substância intercelular amorfa.

5.3 - Sensorial: responsável pela sensibilidade dentinária, onde a maioria dos feixes nervosos termina no plexo subodontoblástico (plexo de Raschkow) na zona acelular, como pequenas terminações nervosas e fibras amielínicas mais espessas. Alguns túbulos dentinários possuem uma fibra nervosa no seu interior junto ao prolongamento odontoblástico, entretanto, o mecanismo da sensibilidade ainda não está perfeitamente explicado e possivelmente há vários fatores relacionados entre si.

6 - MODIFICAÇÕES COM A IDADE:

A distribuição e a quantidade dos componentes da polpa variam segundo o período de desenvolvimento e do estado funcional da polpa.
a) Polpa recém-formada: há equilíbrio entre as células e a substância intercelular. Nesta última a quantidade de fibras é menor. O tecido conjuntivo é do tipo mucoso.
b) Polpas de dentes jovens: embora predomine a substância intercelular sobre as células, há um equilíbrio entre a quantidade de fibras colágenas e a substância amorfa caracterizando o tecido conjuntivo frouxo.
c) Polpa senil: há um predomínio das fibras colágenas sobre os outros elementos - tecido conjuntivo denso.
Isto tem implicações clínicas - uma polpa mais fibrosa é menos capaz de se defender contra as irritações quando comparada a uma polpa jovem, rica em células.

7 - ALTERAÇÕES REGRESSIVAS:

1. Alterações celulares: numa polpa envelhecida além da presença de menos células, estas tem seu tamanho e número de várias organelas citoplasmáticas diminuídos. Seus fibroblastos exibem menor citoplasma perinuclear e possuem processos citoplasmáticos longos e finos. As organelas intracelulares são pequenas e reduzidas em número. As fibras intercelulares estão em abundância entre as células.

2. Fibrosas: as polpas mais senis mostram acúmulos de colágeno. O aumento das fibras no órgão pulpar é generalizado. Qualquer trauma externo, como a cárie dentária ou restaurações profundas, geralmente causam uma fibrose localizada.

3. Cálculos pulpares ou dentículos:
são massas calcificadas nodulares, que aparecem nas porções coronárias ou radiculares da polpa, ou em ambas. Muitas vezes se desenvolvem em dentes que parecem normais em outros aspectos. Também podem ser encontrados em dentes inclusos.

Quanto à estrutura, os cálculos pulpares classificam-se em:
dentículos verdadeiros, falsos dentículos e calcificações difusas.
- Dentículos verdadeiros: são formados por dentina, mostrando traços de canalículos dentinários e odontoblastos. Ocorrem raramente e forma-se a partir de restos de bainha epitelial de Hertwig que teriam ficado incluídos na polpa dentária. Geralmente estão localizados junto ao forame apical.
- Falsos dentículos: são formações calcificadas na polpa que não apresentam a estrutura da verdadeira dentina. Apresentam-se como camadas concêntricas de tecido mineralizado. O tecido pulpar circundante pode aparecer absolutamente normal. Estes cálculos pulpares podem eventualmente ocupar porções consideráveis da câmara pulpar.
- Calcificações difusas: são depósitos irregulares de cálcio no tecido pulpar. São amorfos, não possuindo estrutura específica e geralmente ocorrem como conseqüência final de uma degeneração hialina do tecido pulpar. São geralmente encontrados no canal radicular.
Quanto a localização: os cálculos pulpares são classificados de acordo com a sua localização em relação a parede dentinária circundante em:
- Cálculos livres: são aqueles totalmente cercados por tecido conjuntivo pulpar.
- Cálculos aderentes ou inseridos: parcialmente fusionados com a dentina.
- Cálculos inclusos ou incluídos: totalmente cercados por dentina. Todos se originam livres na polpa e vão se tornando aderentes ou inclusos, conforme avança a formação de dentina.

PERIODONTO

Periodonto de inserção: cemento, LP e osso alveolar.
Periodonto de sustentação: gengiva.

Embriologia
Foliculo dentário: cemento, LP e osso alveolar  tec. Conjuntivo

Bainha de Rething: que estimula a formação dos tecidos periodontais. Quando inicia a formação da dentina a bainha se dissolve (rompe, algumas morrem por apoptose e formam algumas ilhotas de células), as células ectomesenquimais se aderem a dentina e se diferenciam em cementoblastos e produzem cemento.
Na raiz o próprio epitélio interno estimula a formação de dentina (sem o pré-odontoblasto).

Classificação:
Época de formação (1ª e 2ª semana)
Presença ou ausência de células na matriz (cemento celular e acelular), cementócito.
Origem nas fibras colágenas;
Principal matriz orgânica;
As fibras colágenas produzidas pelos fibroblastos do LP são e se entrelaçam nas do cemento.

Classificação
1-Cemento 1º acelular de fibras intrínsecas;
2- Cemento 1º acelular de fibras extrínsecas;
3- Cemento 2º celular de fibras intrínsecas;
5-Cemento 2º celular de fibras mistas;
6-Cemento acelular afibrilar.

Cemento: celular – dente desgastado – lacunas cementocito

Ligamento
Celula ligamento: fibroblasto, macrófago, fibrocito
Suprimento sanguíneo
Suprimento nervoso.

Fibras principais: crista alveolar, horizontais (lateralidade), obliqua (intrusão), apicais e interradiculares (fibras colágenas do LP inserem da crista ao cemento).
Crista alveolar: inserem do topo em direção ao cemento, mas cervicalmente inserido no cemento e apicalmente ao osso – limita extrusão.
Horizontais: adjacentes a crista alveolar, inserem lateralmente da crista ao osso limita lateralidade.
Obliqua: inserem apicalmente ao cemento.
Apicais: forma de leque do osso ao cemento.
Interradiculares: bifurcação radicular.

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