quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Esmalte Dentário: Conceito.


ESMALTE
CONCEITO
É o tecido que reveste e protege a coroa do dente, extremamente duro, é o tecido mais mineralizado encontrado no organismo. O esmalte define a coroa anatômica do dente. É avascular, branco, cinza azulado ou amarelo devido a dentina subjacente, tem espessura máxima de 2 a 3,0 mm tornando-se mais delgado à medida que alcança o colo dentário.

ESTRUTURA
Constituído basicamente por uma massa firmemente compacta de cristais de apatita com um padrão altamente organizado e orientado. Assim temos que a unidade básica do esmalte é o prisma ou bastão, o qual é criado por diferenças na orientação dos cristais. Na superfície do esmalte a estrutura do prisma é irregular ou está ausente. Cada prisma é rodeado por uma bainha criada por diferenças na angulação do cristal, esses limites contém mais proteínas do que em outras regiões. A razão dos cristais assumirem essa configuração é devido a uma propriedade dos ameloblastos e seus prolongamentos celulares (processo de Tomes). Acredita-se que cada prisma seja formado por quatro ameloblastos, a maior parte da cabeça de cada prisma é formada por um único ameloblasto enquanto que os outros três ameloblastos contribuem para a formação da cauda do prisma. O esmalte adjacente à superfície da dentina é formado antes da existência do processo de Tomes e portanto perde a estrutura prismática, e os cristais estão grosseiramente alinhados perpendiculares à dentina, o mesmo acontece nos últimos 30 um externos superficiais. O prisma é contínuo desde o limite amelodentinário (L.A.D.) até a superfície livre. Num corte transversal o prisma tem a forma de um buraco de fechadura onde a parte mais volumosa chama-se cabeça e a outra, cauda do prisma.
PROPRIEDADES FISICAS
Extremamente duro, porém capaz de resistir a forças mecânicas que incidem sobre ele durante a mastigação, desde que tenha suporte dentinário. É quebradiço, sofre clivagem, e, daí a necessidade de uma camada sob o esmalte de um material mais resistente (dentina). É translúcido, radiopaco, fluorescente à luz ultra violeta.Tem espessura variável entre 2,5 mm (cúspides) até muito fina na região cervical. É permeável a ions e água, participa ativamente nas trocas químicas com a saliva, essa propriedade possibilita a transformação dos cristais de hidroxiapatita em fluorapatita (mais resistentes) quando se faz aplicações tópicas de fluoretos.
Resistência às forças mecânicas sobre ele aplicadas durante a mastigação. É quebradiço, daí a necessidade de uma camada sob o esmalte de um material mais resistente (dentina).
Translúcido - amarelo claro ao cinza.
Espessura - 2,5mm (máxima) até muito fina na região cervical.
INTERRELAÇÃO PRISMATICA
A partir da junção amelodentinária, os prismas seguem um trajeto tortuoso até a superfície do dente. O tamanho da maioria dos prismas é maior que a espessura do esmalte, devido a direção obliqua e o trajeto ondulado dos mesmos.
Os prismas se dispõem em fileiras arranjadas circunferencialmente ao redor do longo eixo do dente. Em cada fileira, os prismas correm em direção perpendicular à superfície do dente. No topo das cúspides as fileiras tem uma área pequena e os prismas se colocam verticalmente. Na região cervical ao contrario, os prismas estão colocados no sentido horizontal e algumas fileiras estão inclinadas para apical.

4.Propriedades Químicas
Material inorgânico - 96% de fosfato de cálcio sob a forma de hidroxiapatita -
Ca10 (PO4)6 (OH)2

Material Orgânico - 4% e grande quantidade de água.

A hidroxiapatita é encontrada também nos ossos, cartilagem calcificada, dentina e cemento.
Durante a formação do esmalte, vários ions são incorporados aos cristais de hidroxiapatita, tais como: estrôncio, magnésio, carbonatos e fluoreto. Esse cristal sofre dissolução por ácidos, estes determinam as bases químicas das lesões de cárie. O cristal de apatita carbonatada que é inferior e sofre fácil dissolução por ácidos ocorre na região cervical e nas fissuras (locais de maior formação de cáries). Entre os cristais de hidroxiapatita há uma fina rede de material orgânico com muita proteína e polisacarídeos (gel amorfo).
Superfície de esmalte com pH baixo ocorre a desmineralização. Se houver flúor presente esta desmineralização não ocorre pois há deposição de apatita fluoretada. Quando o pH cai para 5.5 a camada de fosfato cai.

O flúor sistêmico promove a formação de hidroxiapatita semelhante a ideal em maior quantidade, com mais estabilidade e menor solubilidade. No meio do cristal existe um ponto mais fraco, com mineral solúvel chamado apatita_carbonatada que utiliza-se do flúor durante a formação do dente e assim tem-se menos apatita carbonatada nessa área. Além disso aparece uma fina camada de flúor apatita na superfície do cristal tornando o dente mais resistente a cárie.

Flúor tópico - forma o fluoreto de cálcio que promove uma proteção essencial contra as cáries. O fluoreto de cálcio se precipita na superfície do dente e em contato com a saliva ele vai embora. Entretanto, o flúor funciona independente da forma como é utilizado. É importante se ter flúor na boca durante toda a vida, ele perturba a colonização de bactérias, o seu crescimento e a sua fermentação.

Devido ao trajeto ondulado dos prismas, mais ou menos em forma de “S”, sob luz refletida, ocorrem faixas claras e escuras denominadas linhas ou bandas de Hunter Schreger.
Linhas incrementares de Retzius, ocorrem devido a formação em camadas que vão se apondo umas às outras. Em média forma-se 4um de esmalte por dia. Estas linhas refletem variações na estrutura e mineralização do esmalte.
Linha Neo-natal, separa o esmalte dos dentes decíduos formado antes e depois do nascimento da criança.
Tufos e lamelas, são falhas geológicas, os tufos são hipomineralizados e projetam-se na junção amelodentinária, enquanto que as lamelas estendem-se para o interior do esmalte partindo da superfície.
Fusos, são considerados de origem dentinária, onde os prolongamentos odontoblásticos atravessam o limite amelodentinário penetrando no esmalte.
Limite amelodentinário, é a junção entre dois tecidos mineralizados, esmalte e dentina, é bem recortado, com trajeto sinuoso.

6.Alterações com a idade
Modificação na cor, permeabilidade e natureza da camada superficial.
Ligada a essas alterações está uma aparente redução da incidência de cárie.
Cor: torna-se mais escura. Menos permeável porque os poros diminuem a medida que os cristais incorporam mais ions e aumentam de tamanho.

AMELOGÊNESE

1.Introdução

Esmalte é o tecido de origem ectodérmica que recobre a coroa do dente. É formado pelo órgão dental. Na etapa que precede a formação dos tecidos duros (dentina e esmalte), o órgão do esmalte originado do epitélio estratificado oral primitivo, consiste de quatro camadas: o epitélio externo do órgão dental, o retículo estrelado, o estrato intermediário e o epitélio interno do órgão dental (camada ameloblástica). As diferentes camadas epiteliais do órgão dental são denominadas de acordo com sua morfologia, função ou localização.

2.Orgão dental

2.1          - Epitélio Dental Externo: Pouco antes da formação das estruturas duras, essa única camada de células cubóides (epitélio externo) apresenta-se de forma irregular, não se distinguindo facilmente do retículo estrelado. Imediatamente antes de iniciar a formação de esmalte, as células do epitélio externo desenvolvem vilosidades e os capilares do tecido conjuntivo que envolve o órgão dental proliferam e invadem estas vilosidades, promovendo um suprimento nutritivo abundante para o epitélio interno do órgão dental.

2.2          - Retículo Estrelado: Essas células possuem longos prolongamentos unidos por desmossomos entre si e com as células do epitélio externo do esmalte e o estrato intermediário. A grande quantidade de substância intercelular torna-o resistente, elástico, atuando como um provável amortecedor contra as forças físicas.

2.3 - Estrato Intermediário: As células desse extrato estão situadas entre as células do retículo estrelado e as do epitélio interno e estão dispostas em uma a três camadas. Estão unidas por desmossomos entre si, e com as células contíguas do retículo estrelado e do epitélio interno do esmalte. Estas células são caracterizadas pela alta atividade de uma enzima: a fosfatase alcalina - que é de importância fundamental para a mineralização da matriz orgânica. Assim, as células do estrato intermediário juntamente com as do epitélio interno devem ser consideradas como uma unidade funcional responsável pela formação do esmalte.

2.4          - Epitélio Interno: Essas células, antes de começar a formação do esmalte, no estágio de campânula sofrem modificações quanto a forma: de células cúbicas (epitélio de revestimento) assumem a forma cilíndrica e se diferenciam em ameloblastos (epitélio secretor) que produzem a matriz do esmalte.

3.Processo de formação
O processo de formação do esmalte envolve 3 estágios:
1º - secreção da matriz
2º - maturação
3º - deposição de maior quantidade de sais minerais e perda da porosidade.

1º - Secreção da matriz: é o estágio formativo executado pelos ameloblastos. A secreção da matriz orgânica ocorre numa proporção diária de 0,023 mm/dia. Essa matriz sofre mineralização de imediato com cerca de 65% de água, 20% de material orgânico(amelogenina e enamelina) e 15% de material inorgânico (cristais de hidroxiapatita). Essa secreção continua até quase a deposição de sua espessura total. Os cristais depositados nessa matriz são placas de hidroxiapatita finas e alongadas.
A matriz passa então ao segundo estágio.

2º - Maturação: consiste no crescimentos dos cristais minerais e perda de proteína e água. A maturação inicia-se no centro de crescimento praticamente ao mesmo tempo que o esmalte atingiu sua espessura máxima. A maturação prossegue na proporção de 0,04 a 0,05 mm/dia, portanto muito mais rápida que a secreção da matriz. Nesse estágio há remoção do material protéico onde se retira toda a amelogenina restando apenas a enamelina e parte da água também é perdida tornando o esmalte mineralizado mas ainda bastante poroso.

3º - Adição de mais minerais à matriz e perda da porosidade, após a erupção, quando o dente está na cavidade bucal, o esmalte continua incorporando minerais obtidos da saliva, permitindo o crescimento dos cristais e consequentemente perda da porosidade.

4.Fisiologia da amelogênese
As células do epitélio dental interno, durante sua diferenciação, passam pelas seguintes etapas:

4.1- Fase de células indiferenciadas ou etapa morfogenética: antes da completa diferenciação dos ameloblastos, ocorre uma interação com as células mesenquimais (células da papila dentária), determinando a forma da junção dentina-esmalte e da coroa. As células são curtas e cilíndricas, com núcleos grandes, ovais, que ocupam quase todo o corpo celular.

4.2 - Etapa organizadora ou de pré-ameloblasto: até esta fase, as células do epitélio interno recebem nutrição da papila dentária. estas células do epitélio interno (epitélio de revestimento) tem ação indutora sobre as células periféricas da papila que assim, acabam por diferenciarem-se em odontoblastos. Ocorre a deposição da primeira camada de matriz de dentina por estes odontoblastos. Então, as células do epitélio interno terão que buscar nutrição do saco dentário. Portanto, as células do epitélio interno sofrerão inversão de sua polaridade, ficando o núcleo voltado para o estrato intermediário que caracteriza a 3a. etapa.
4.3 - Etapa formadora ou de ameloblasto adulto: após a formação da 1a. camada de dentina e que os ameloblastos se tornam adultos, isto é, células secretoras, pois a presença da matriz de dentina é necessária para o início de formação da matriz do esmalte. A partir desse momento, os ameloblastos estarão em condições de começar a formar a matriz de esmalte. Os primeiros ameloblastos surgem ao nível da futura cúspide e os últimos pertencem a futura região cervical do dente. Cada ameloblasto formará um prisma e a sua bainha.

4.4 - Etapa de mineralização: durante a mineralização do esmalte, os ameloblastos são levemente reduzidos no comprimento, apresentam microvilosidades em suas extremidades distais e vacúolos citoplasmáticos e apresentam assim, função de absorção.

4.5- Etapa protetora: quando o esmalte se apresenta completamente formado, os ameloblastos juntamente com as células do epitélio externo, retículo estrelado e estrato intermediário formam então um revestimento epitelial estratificado do esmalte, o chamado epitélio reduzido do esmalte. Esse epitélio possui função de proteger o esmalte maduro, separando-o do tecido conjuntivo do saco dentário até a erupção do dente.

4.6- Etapa desmolítica: o epitélio reduzido do esmalte parece exercer uma ação desmolítica sobre o mesênquima do saco dental, permitindo que o dente avance em direção a cavidade bucal. Quando encosta no epitélio que reveste esta cavidade ocorre a fusão dos dois epitélios (epitélio reduzido e oral).

5.Desmineralização e Remineralização
O esmalte é freqüentemente desmineralizado, por exemplo:
refrigerante (pH ácido). Entretanto, o mesmo se remineraliza, cujos minerais são obtidos da saliva.

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