ESMALTE
CONCEITO
É o tecido que
reveste e protege a coroa do dente, extremamente duro, é o tecido mais
mineralizado encontrado no organismo. O esmalte define a coroa anatômica do
dente. É avascular, branco, cinza azulado ou amarelo devido a dentina subjacente,
tem espessura máxima de 2 a 3,0 mm tornando-se mais delgado à medida que
alcança o colo dentário.
ESTRUTURA
Constituído
basicamente por uma massa firmemente compacta de cristais de apatita com um
padrão altamente organizado e orientado. Assim temos que a unidade básica do
esmalte é o prisma ou bastão, o qual é criado por diferenças na orientação dos
cristais. Na superfície do esmalte a estrutura do prisma é irregular ou está
ausente. Cada prisma é rodeado por uma bainha criada por diferenças na angulação
do cristal, esses limites contém mais proteínas do que em outras regiões. A
razão dos cristais assumirem essa configuração é devido a uma propriedade dos
ameloblastos e seus prolongamentos celulares (processo de Tomes). Acredita-se
que cada prisma seja formado por quatro ameloblastos, a maior parte da cabeça
de cada prisma é formada por um único ameloblasto enquanto que os outros três
ameloblastos contribuem para a formação da cauda do prisma. O esmalte adjacente
à superfície da dentina é formado antes da existência do processo de Tomes e
portanto perde a estrutura prismática, e os cristais estão grosseiramente
alinhados perpendiculares à dentina, o mesmo acontece nos últimos 30 um
externos superficiais. O prisma é contínuo desde o limite amelodentinário
(L.A.D.) até a superfície livre. Num corte transversal o prisma tem a forma de
um buraco de fechadura onde a parte mais volumosa chama-se cabeça e a outra,
cauda do prisma.
PROPRIEDADES FISICAS
Extremamente
duro, porém capaz de resistir a forças mecânicas que incidem sobre ele durante
a mastigação, desde que tenha suporte dentinário. É quebradiço, sofre clivagem,
e, daí a necessidade de uma camada sob o esmalte de um material mais resistente
(dentina). É translúcido, radiopaco, fluorescente à luz ultra violeta.Tem
espessura variável entre 2,5 mm (cúspides) até muito fina na região cervical. É
permeável a ions e água, participa ativamente nas trocas químicas com a saliva,
essa propriedade possibilita a transformação dos cristais de hidroxiapatita em
fluorapatita (mais resistentes) quando se faz aplicações tópicas de fluoretos.
Resistência às
forças mecânicas sobre ele aplicadas durante a mastigação. É quebradiço, daí a
necessidade de uma camada sob o esmalte de um material mais resistente
(dentina).
Translúcido -
amarelo claro ao cinza.
Espessura -
2,5mm (máxima) até muito fina na região cervical.
INTERRELAÇÃO PRISMATICA
A partir da
junção amelodentinária, os prismas seguem um trajeto tortuoso até a superfície
do dente. O tamanho da maioria dos prismas é maior que a espessura do esmalte,
devido a direção obliqua e o trajeto ondulado dos mesmos.
Os prismas se
dispõem em fileiras arranjadas circunferencialmente ao redor do longo eixo do
dente. Em cada fileira, os prismas correm em direção perpendicular à superfície
do dente. No topo das cúspides as fileiras tem uma área pequena e os prismas se
colocam verticalmente. Na região cervical ao contrario, os prismas estão
colocados no sentido horizontal e algumas fileiras estão inclinadas para
apical.
4.Propriedades Químicas
Material inorgânico - 96% de fosfato de cálcio
sob a forma de hidroxiapatita -
Ca10 (PO4)6 (OH)2
Material Orgânico - 4% e grande quantidade de
água.
A hidroxiapatita é encontrada também nos ossos,
cartilagem calcificada, dentina e cemento.
Durante a formação do esmalte, vários ions são
incorporados aos cristais de hidroxiapatita, tais como: estrôncio, magnésio,
carbonatos e fluoreto. Esse cristal sofre dissolução por ácidos, estes
determinam as bases químicas das lesões de cárie. O cristal de apatita
carbonatada que é inferior e sofre fácil dissolução por ácidos ocorre na região
cervical e nas fissuras (locais de maior formação de cáries). Entre os cristais
de hidroxiapatita há uma fina rede de material orgânico com muita proteína e
polisacarídeos (gel amorfo).
Superfície de
esmalte com pH baixo ocorre a desmineralização. Se houver flúor presente esta
desmineralização não ocorre pois há deposição de apatita fluoretada. Quando o
pH cai para 5.5 a camada de fosfato cai.
O flúor
sistêmico promove a formação de hidroxiapatita semelhante a ideal em maior
quantidade, com mais estabilidade e menor solubilidade. No meio do cristal
existe um ponto mais fraco, com mineral solúvel chamado apatita_carbonatada que
utiliza-se do flúor durante a formação do dente e assim tem-se menos apatita
carbonatada nessa área. Além disso aparece uma fina camada de flúor apatita na
superfície do cristal tornando o dente mais resistente a cárie.
Flúor tópico -
forma o fluoreto de cálcio que promove uma proteção essencial contra as cáries.
O fluoreto de cálcio se precipita na superfície do dente e em contato com a
saliva ele vai embora. Entretanto, o flúor funciona independente da forma como
é utilizado. É importante se ter flúor na boca durante toda a vida, ele perturba
a colonização de bactérias, o seu crescimento e a sua fermentação.
Devido ao trajeto ondulado dos prismas, mais ou
menos em forma de “S”, sob luz refletida, ocorrem faixas claras e escuras
denominadas linhas ou bandas de Hunter Schreger.
Linhas incrementares de Retzius, ocorrem devido a
formação em camadas que vão se apondo umas às outras. Em média forma-se 4um de
esmalte por dia. Estas linhas refletem variações na estrutura e mineralização
do esmalte.
Linha Neo-natal, separa o esmalte dos dentes
decíduos formado antes e depois do nascimento da criança.
Tufos e lamelas, são falhas geológicas, os tufos
são hipomineralizados e projetam-se na junção amelodentinária, enquanto que as
lamelas estendem-se para o interior do esmalte partindo da superfície.
Fusos, são considerados de origem dentinária,
onde os prolongamentos odontoblásticos atravessam o limite amelodentinário
penetrando no esmalte.
Limite amelodentinário, é a junção entre dois
tecidos mineralizados, esmalte e dentina, é bem recortado, com trajeto sinuoso.
6.Alterações com a idade
Modificação na
cor, permeabilidade e natureza da camada superficial.
Ligada a essas
alterações está uma aparente redução da incidência de cárie.
Cor: torna-se
mais escura. Menos permeável porque os poros diminuem a medida que os cristais
incorporam mais ions e aumentam de tamanho.
AMELOGÊNESE
1.Introdução
Esmalte é o tecido de origem ectodérmica que
recobre a coroa do dente. É formado pelo órgão dental. Na etapa que precede a
formação dos tecidos duros (dentina e esmalte), o órgão do esmalte originado do
epitélio estratificado oral primitivo, consiste de quatro camadas: o epitélio
externo do órgão dental, o retículo estrelado, o estrato intermediário e o
epitélio interno do órgão dental (camada ameloblástica). As diferentes camadas
epiteliais do órgão dental são denominadas de acordo com sua morfologia, função
ou localização.
2.Orgão dental
2.1 -
Epitélio Dental Externo: Pouco antes da formação das estruturas duras, essa
única camada de células cubóides (epitélio externo) apresenta-se de forma
irregular, não se distinguindo facilmente do retículo estrelado. Imediatamente
antes de iniciar a formação de esmalte, as células do epitélio externo
desenvolvem vilosidades e os capilares do tecido conjuntivo que envolve o órgão
dental proliferam e invadem estas vilosidades, promovendo um suprimento
nutritivo abundante para o epitélio interno do órgão dental.
2.2 -
Retículo Estrelado: Essas células possuem longos prolongamentos unidos por
desmossomos entre si e com as células do epitélio externo do esmalte e o
estrato intermediário. A grande quantidade de substância intercelular torna-o
resistente, elástico, atuando como um provável amortecedor contra as forças
físicas.
2.3 - Estrato Intermediário: As células desse
extrato estão situadas entre as células do retículo estrelado e as do epitélio
interno e estão dispostas em uma a três camadas. Estão unidas por desmossomos
entre si, e com as células contíguas do retículo estrelado e do epitélio
interno do esmalte. Estas células são caracterizadas pela alta atividade de uma
enzima: a fosfatase alcalina - que é de importância fundamental para a
mineralização da matriz orgânica. Assim, as células do estrato intermediário
juntamente com as do epitélio interno devem ser consideradas como uma unidade
funcional responsável pela formação do esmalte.
2.4 -
Epitélio Interno: Essas células, antes de começar a formação do esmalte, no
estágio de campânula sofrem modificações quanto a forma: de células cúbicas
(epitélio de revestimento) assumem a forma cilíndrica e se diferenciam em
ameloblastos (epitélio secretor) que produzem a matriz do esmalte.
3.Processo de formação
O processo de formação do esmalte envolve 3 estágios:
1º - secreção da matriz
2º - maturação
3º - deposição de maior quantidade de sais
minerais e perda da porosidade.
1º - Secreção da matriz: é o estágio formativo
executado pelos ameloblastos. A secreção da matriz orgânica ocorre numa
proporção diária de 0,023 mm/dia. Essa matriz sofre mineralização de imediato
com cerca de 65% de água, 20% de material orgânico(amelogenina e enamelina) e
15% de material inorgânico (cristais de hidroxiapatita). Essa secreção continua
até quase a deposição de sua espessura total. Os cristais depositados nessa
matriz são placas de hidroxiapatita finas e alongadas.
A matriz passa então ao segundo estágio.
2º - Maturação: consiste no crescimentos dos
cristais minerais e perda de proteína e água. A maturação inicia-se no centro
de crescimento praticamente ao mesmo tempo que o esmalte atingiu sua espessura
máxima. A maturação prossegue na proporção de 0,04 a 0,05 mm/dia, portanto
muito mais rápida que a secreção da matriz. Nesse estágio há remoção do
material protéico onde se retira toda a amelogenina restando apenas a enamelina
e parte da água também é perdida tornando o esmalte mineralizado mas ainda
bastante poroso.
3º - Adição de mais minerais à matriz e perda da
porosidade, após a erupção, quando o dente está na cavidade bucal, o esmalte
continua incorporando minerais obtidos da saliva, permitindo o crescimento dos
cristais e consequentemente perda da porosidade.
4.Fisiologia da amelogênese
As células do epitélio dental interno, durante sua
diferenciação, passam pelas seguintes etapas:
4.1- Fase de células indiferenciadas ou etapa morfogenética: antes da completa diferenciação dos ameloblastos, ocorre uma
interação com as células mesenquimais (células da papila dentária),
determinando a forma da junção dentina-esmalte e da coroa. As células são
curtas e cilíndricas, com núcleos grandes, ovais, que ocupam quase todo o corpo
celular.
4.2 - Etapa organizadora ou de pré-ameloblasto: até esta fase, as células do epitélio interno recebem nutrição da
papila dentária. estas células do epitélio interno (epitélio de revestimento)
tem ação indutora sobre as células periféricas da papila que assim, acabam por
diferenciarem-se em odontoblastos. Ocorre a deposição da primeira camada de
matriz de dentina por estes odontoblastos. Então, as células do epitélio
interno terão que buscar nutrição do saco dentário. Portanto, as células do
epitélio interno sofrerão inversão de sua polaridade, ficando o núcleo voltado
para o estrato intermediário que caracteriza a 3a. etapa.
4.3 - Etapa formadora ou de ameloblasto adulto: após a formação da 1a. camada de dentina e que os ameloblastos se
tornam adultos, isto é, células secretoras, pois a presença da matriz de
dentina é necessária para o início de formação da matriz do esmalte. A partir
desse momento, os ameloblastos estarão em condições de começar a formar a
matriz de esmalte. Os primeiros ameloblastos surgem ao nível da futura cúspide
e os últimos pertencem a futura região cervical do dente. Cada ameloblasto
formará um prisma e a sua bainha.
4.4 - Etapa de mineralização: durante a mineralização do esmalte, os ameloblastos são levemente
reduzidos no comprimento, apresentam microvilosidades em suas extremidades
distais e vacúolos citoplasmáticos e apresentam assim, função de absorção.
4.5- Etapa protetora: quando o
esmalte se apresenta completamente formado, os ameloblastos juntamente com as
células do epitélio externo, retículo estrelado e estrato intermediário formam
então um revestimento epitelial estratificado do esmalte, o chamado epitélio
reduzido do esmalte. Esse epitélio possui função de proteger o esmalte maduro,
separando-o do tecido conjuntivo do saco dentário até a erupção do dente.
4.6- Etapa desmolítica: o
epitélio reduzido do esmalte parece exercer uma ação desmolítica sobre o
mesênquima do saco dental, permitindo que o dente avance em direção a cavidade
bucal. Quando encosta no epitélio que reveste esta cavidade ocorre a fusão dos
dois epitélios (epitélio reduzido e oral).
5.Desmineralização e Remineralização
O esmalte é freqüentemente desmineralizado, por
exemplo:
refrigerante (pH ácido). Entretanto, o mesmo se
remineraliza, cujos minerais são obtidos da saliva.
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